Ser passionista, hoje, é…

Passionista é o que nasce e se alimenta quotidianamente da Paixão de Jesus, do seu sangue, e que faz do mistério da paixão a razão da sua vida, porque a vocação identifica-se com a sua mesma vida.

Passionistas são pessoas que vivem a Paixão e amam a esperança da Ressurreição, capazes de responder aos que nos pedem as razões da nossa esperança. O serviço da esperança, é, sem dúvida, o máximo serviço que se pode oferecer a humanidade actual. O homem de sempre, mas especialmente o de hoje, por causa de tudo o que está sucedendo, pelo terrorismo e a insegurança latente que preenchem o quotidiano do mundo, compreendeu com dor, que não se pode viver sem esperança.

Também é tarefa do passionista comunicar esta virtude teologal, superando temores e pessimismo, a partir da cruz, abrindo-se à novidade, antecipando e preparando “os novos céus e a nova terra” (Is 65,17).

Como Comunidade Passionista, para ser comunidade de esperança, está chamada a resplandecer “tendo em alto a luz da vida”(Cf Fil. 2,15). Quem tem esperança não se resigna ao mal, à desordem, à injustiça. Por isso, não devemos pertencer à grande massa de pessoas que desistem do mal, mas não fazem nada para o eliminar: “a multidão silenciosas e inerte”. A este respeito dizia M. Luther King: “Não me assusta o ruído dos violentos, mas antes o silêncio condescendente das pessoas honestas”, e ainda: “A injustiça em qualquer lado é uma ameaça à justiça em todo lado”.

Como Passionistas somos chamados a viver e testemunhar o nosso carisma: homens do calvário e do túmulo vazio. Nos diferentes campos da cultura, que se devem incrementar e valorizar, nas experiências e acções das situações de injustiça e pobreza e na evangelização, levamos esta especificidade nossa, vivida com S. Paulo da Cruz como ‘amorosa obsessão’. O nosso carisma existe pela vida que nasce da morte da Cristo e para a nossa morte n’Ele: “quem quiser vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”(Mc 8,34). É o chamamento a segui-Lo totalmente, com todo o próprio ser, até à sua morte e ressurreição, num único mistério pascal.

Jesus na Cruz, na sua loucura de amor, crê e espera que a sua morte seja um projecto de vida. É responsabilidade passionista unir o mistério de Jesus de Nazaré com o de pessoas e rostos, circunstâncias e lugares, que constituem a Via-Sacra de cada dia, onde Cristo vive e sofre em tantas irmãs e irmãos: nos pequenos e nos pobres, nos deserdados, doentes, presos, perseguidos, nos que não têm tecto ou pátria. Thomas Merton, monge e escritor, escreveu no seu livro, em 1959: “Diria que um religioso que meditou sobre a Paixão de Jesus, mas não meditou sobre os campos de extermínio de Dachau e Auschwitz não entrou totalmente na experiência da cristandade dos nossos dias. Porque Dachau e Auschwitz são duas apresentações terríveis, apocalípticas, da realidade da Paixão de Jesus renovada nos nossos tempos” . 

As Constituições dizem: “Nós, Passionistas, fazemos do Mistério Pascal o centro da nossa vida. Dedicamo-nos com amor ao seguimento de Cristo Crucificado e dispomo-nos a anunciar, com espírito de fé e caridade, a Sua Paixão e Morte, não apenas como um facto histórico do passado, mas também como realidade presente na vida dos homens, que são os “os crucificados de hoje” pela injustiça, pela ausência do sentido profundo da existência humana, pela fome de paz, de verdade e de vida.

Superior Geral . Sínodo de 2002

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