Na vivência da nossa fé o termo “santo” é um dos termos que mais frequentemente escutamos seja na invocação de Deus, seja na invocação dos Santos seja no convite à santidade que se nos propõe.
No entanto, muita vezes surge-nos a dúvida: Mas afinal o que é ser santos? Quando falamos em santidade vem-nos logo a mente os milagres sobrenaturais que as ciências humanas não conseguem explicar… Todavia a santidade não é só isto!
A Santidade é um dos principais atributos de Deus. Na verdade, Is 6, 3 e, na sua continuidade, a aclamação litúrgica do “Santo” proclama Deus como o três vezes santo. A etimologia hebraica do termo santo (qadôsh) está relacionada com o termo separação. Dizer que Deus é três vezes santo é dizer que Deus é separado. Mas separado de quê e de quem? Não separado do mundo e do homem pecador. Mas separado de Si mesmo e dos privilégios da sua divindade ao ponto de por nós se fazer homem para que nós possamos participar da sua condição divina.
É nesta linha que ressoa o grande apelo do livro do Levítico “Sede santos, porque Eu, o SENHOR, vosso Deus, sou santo” (Lv 19, 2) que é citado por 1 Pe 1, 16 e adaptado por Mt 5, 48 (“sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste”). A santidade deve ser o objectivo de todo o cristão sem excepção. Pelo nosso baptismo somos chamados a ser santos em qualquer estado de vida (LG 40).
A etimologia latina das palavras Santo e Beato referem-se respectivamente a um estado de vida sadio e feliz. E os santos não são mais que isso: são pessoas que na sua peregrinação sobre a terra viveram uma vida sadia e feliz segundo os critérios do reino e são exemplos de vida para nós. Os santos foram aqueles que descobriram e viveram a verdadeira qualidade de Vida, aquela vida em abundância de que Jesus nos falou (cf. Jo 10, 10) e que por isso são exemplos e intercessores para nós que ainda peregrinamos na terra. Os santos viveram o grande milagre do Amor. De certa maneira podemos dizer que ser santo não é nada de que fazer tudo por Amor a Deus e aos irmãos. O Amor é o grande milagre dos Santos. É o Amor incondicional a Deus e aos irmãos, que os santos viveram, que nós devemos imitar e venerar. Ser Santos é participar na perfeição de Deus no Amor (cf. Mt 5, 49).
Os Veneráveis são os nossos irmãos que morreram e que tem o processo de beatificação aberto e a quem foram reconhecidas, pela Santa Sé, a vivência das virtudes evangélicas. No entanto, este reconhecimento não permite que se lhes celebre um culto público.
Os Beatos são os Veneráveis que o Papa ou o seu delegado, pela cerimónia da beatificação, elevou às honras de altar e que são considerados exemplos de caminhada e nossos intercessores diante de Deus. É permitido o seu culto público mas em âmbito restrito – numa nação, numa congregação religiosa…
Os Santos são os Beatos canonizados pelo Papa e que são exemplos de caminhada e intercessores da Igreja peregrina e purgante diante de Deus. Diferentemente dos Beatos o seu culto público não é restringido a nenhuma circunscrição mas é proposto à totalidade da Igreja universal.
O apelo divino à santidade não é mais um de tantos apelos que se escutam no nosso mundo. É o apelo por excelência, é o objectivo da nossa vida. No entanto, somos conscientes que este apelo não é um apelo que se ouça e que depois se cumpre. A santidade não é uma conquista humana mas é dom de Deus que o Homem está chamado a acolher e a cooperar.
A Santidade nasce da Páscoa do Senhor. Assim sendo, a Congregação dos Missionários Passionistas, parcela da Igreja de Deus nascida do costado aberto de Cristo na Cruz, é fecunda na santidade. Vários dos seus membros, estando de pé e junto a Cruz do Crucificado-Ressuscitado (cf. Jo 19, 25) aceitaram a Graça Pascal nas suas vidas e porque colaboraram com ela são nossos exemplos de caminhada e intercessores.