No ano de 1774 em Roma, um ano antes de morrer, embora estivesse fisicamente enfraquecido, S. Paulo da Cruz desejava participar na adoração das Quarenta Horas.
Com a ajuda de alguns confrades, fez-se conduzir ao coro alto da basílica dos Santos João e Paulo. Acomodado no lugar, ali se encerrou e ordenou que ninguém ousasse perturbá-lo. Então, através da grade que dava para a Igreja, fixando atentamente o olhar na Custódia, solenemente exposta no altar, colocou-se em profunda adoração. Entretanto, chegou à portaria um cardeal que desejava cumprimentá-lo. Não lhe foi concedido. Mais tarde, chegou outro importante padre, que pediu aos religiosos de poder ver o P. Paulo para informar o Papa das suas condições de saúde. Não teve mais sorte: “agora – respondeu o P. Paulo – não é hora de falar com as criaturas, mas com o Senhor da Casa, com o Senhor dos Senhores, com o Chefe do Mundo!”.
Quero concluir este artigo com um outro episódio não menos interessante. Diz respeito ao rito litúrgico de Quinta-Feira Santa, quando no fim da celebração da Ceia do Senhor, se faz a transladação do Santíssimo para o altar de reserva. Este altar, antes do concílio Vaticano II, chamava-se “sepulcro”. Dito isto, escutemos o relato do irmão Bartolomeu nos Processos de Beatificação: “Quando o P. Paulo levava o Santíssimo Sacramento para o colocar no sepulcro (altar de reserva), derramava lágrimas abundantes. Chorava tanto que banhava o véu de ombros. Colocado o Santíssimo, queria ficar com chave. Prendia-a ao peito e beijava-a com ternura. Não a tirava até que não se retirasse o Santíssimo para o levar para o lugar habitual. “Esta – exclamava – é a chave que encerra o meu Tesouro, o meu Bem, o meu Deus!”. Um dia confidenciou ao seu confessor, padre Gianmaria: “Não me recordo de jamais ter levado Jesus Sacramentado ao sepulcro com os olhos secos”.
(P. Domenico Lanci, L’Eco di S. Gabriele )