É-nos pedida uma decisão: ou sim ou não

“Quem não está comigo está contra Mim e quem não junta comigo dispersa.” (Lc 11, 23)

Um dos traços do ministério de Jesus são os seus exorcismos, ou seja, a capacidade de libertar os seres humanos com quem se cruza de tudo aquilo que os acorrentam e impedem de ser felizes. Os exorcismos, mais do que rituais excêntricos e mágicos, são sinais antecipadores e instauradores do Reino de Deus, da plena felicidade vivida na comunhão plena do Homem com Deus e dos seres humanos entre si. Ao expulsar um “demónio que era mudo”, Jesus libertou aquele homem do inferno da não relação e capacitou-o com o idioma da comunhão que gera realização e felicidade. Porém, ante a vinda do Reino de Deus em Jesus, melhor dizendo, ante Jesus, Reino de Deus em pessoa, como o caracterizou Orígenes, é-nos exigida uma opção, uma decisão. Os conterrâneos de Jesus apressaram-se a encontrar estratégias de descredibilização e difamação, disfarçadas com uma capa de religiosidade, para não se desinstalarem das suas certezas e não aceitar a novidade de Jesus. A acusação hedionda de atuar em nome de Belzebu e a requisição de um sinal do céu são estratégias que, ainda hoje, usamos para não optar total e decididamente por Cristo. Quererá Deus verdadeiramente o meu bem e a minha felicidade ou estará a tramar-me a vida? Tantas vezes pedimos sinais inegáveis quando tudo nos aponta para a verdade que não queremos aceitar e reconhecer. Vivendo a fé numa tal indefinição, aproxima-nos mais do ateísmo prático do que do caminho da fé. Ante Cristo que quer e se empenha na nossa felicidade, é-nos pedida uma decisão: ou sim ou não. O “nim”, que tantas vezes nos carateriza, não é opção.

(Photo by Ivan Aleksic – Unsplash)

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