No dia 18 de janeiro, o Voluntariado Passionista reuniu em Barroselas para um dia dedicado à formação e ao reforço de laços do grupo.
Durante a manhã, sob a orientação do Formador convidado, Jorge Barbosa, os voluntários foram desafiados a refletir sobre a importância do trabalho em equipa, a gestão de conflitos, bem como o respeito pela individualidade do outro e o crescimento em grupo. Mais do que uma exposição teórica, os membros do VP foram interpelados a colocar as mãos na “massa”, inclusive no seu sentido literal, o que resultou numa manhã muito animada, repleta de aprendizagens sobre a importância da construção de um grupo sólido, articulado e com vontade de caminhar para um mesmo objetivo: “ser” e estar ao serviço do outro.
A sessão foi muito enriquecida pela experiência pessoal do orador, também ele voluntário em diversas Missões, a primeira pelo Voluntariado Passionista, em Uíge, em 2014, e outras em Moçambique.
Por sua vez, a tarde começou também de forma animada, com um convite para a superação de diversos desafios com criatividade, envolvendo costura, poesia e natureza… Depois de muitas peripécias, todos relembramos o quão fundamental é parar para pensar antes de agir, especialmente quando o fazemos em diálogo com os outros.
E foi precisamente da importância do diálogo que nasceu o convite para um tempo dedicado a uma conversa demorada com o P. Arlindo Lima e P. Querubim, para a escuta das suas experiências missionárias.
Partindo da sua experiência enquanto Capelão do Instituto de Oncologia de Lisboa, onde exerceu grande parte da sua vocação missionária ao longo de 25 anos, o P. Arlindo partilhou com os voluntários a perspetiva de quem ouve e acompanha as pessoas e famílias que atravessam períodos de longo sofrimento e, muitas vezes, o fim de vida.
Numa perspetiva muito rica sobre a nossa condição humana, frágil por natureza, o P. Arlindo tocou o coração de todos os voluntários ao referir que «a crise – seja ela profissional, vocacional, familiar – é, do ponto de vista positivo, uma coisa necessária para se ser mais».
De facto, da experiência vivida em contacto com tantos corações atribulados, veio o P. Arlindo serenar muitas das inquietações com que o ser humano é confrontado, lembrando que o sofrimento desperta o crescimento: «é uma janela aberta»; ainda que, por vezes, questionando Deus, não deixa de para ele ser caminho, pois a dúvida é sempre o princípio do diálogo e do conhecimento.
Ainda nesta tentativa de compreensão do sofrimento, o P. Arlindo relembrou que, «antes da religião, o cristianismo é uma humanização; não é, por isso, meramente religioso, mas humanizante.»
É esta a perspetiva que inspira os Passionistas numa vida de doação aos outros: transformar a dor num caminho para Deus, dar-lhe um sentido, o sentido do amor de Deus.
Foi um dia repleto de ensinamentos que continuou com a participação na Eucaristia em comunidade, num jantar partilhado e na viagem de regresso a casa, na certeza de que dedicar tempo aos outros gera, sempre, a renovada surpresa de que, na verdade, a transformação opera também (e sobretudo) em nós.
Terminamos com uma reflexão do P. Arlindo que inspirou os caminhos do Voluntariado Passionista: «Somos uma partilha de luz. Cada pessoa é única, tem valor por si mesma. Cada pessoa é uma pedra da construção de Deus, única e completamente necessária.»