No dia 1 de Maio de 2023, ocorreu a XXVII Peregrinação Nacional de Acólitos no Santuário de Fátima, sob o tema “Levanta-te e Parte com Alegria”. O Grupo de Acólitos de São Paulo da Cruz (GASPC) de Barroselas marcou presença neste encontro com 6 membros, incluindo o coordenador do grupo, Co. Luís Martins. Também o Grupo de Acólitos da Cruz (GAC) de Santa Maria da Feira participou com 16 membros, sob a tutela do Co. Humberto Silva.
Partindo de madrugada em direção a Fátima, com o farnel e alvas na bagagem, uns desde Barroselas e os outros de Santa Maria da Feira, os jovens acólitos dos Passionistas chegaram ao recinto do Santuário para o momento inicial do Encontro marcado às 10h00 no Centro Pastoral Paulo VI, que contou com a presença e animação de Claudine Pinheiro, auxiliada pelo Tozé no teclado, bem como mais de 500 acólitos das diversas dioceses do país.
“Já chegou, já chegou, vem acólito, já chegou” cantava-se para cada diocese. Os membros do GAC juntaram-se aos já muito numerosos acólitos da Diocese do Porto, enquanto que o GASPC procurava representar a Diocese de Viana do Castelo.
Foram várias as canções escutadas e cantadas em conjunto, e, com a proximidade das Jornadas Mundiais da Juventude 2023, em Lisboa, não se podia deixar de cantar o hino “Há Pressa no Ar”.
Após 2 horas de muita música e diversão, o GASPC e GAC confraternizaram num almoço partilhado para às 14h00 se começarem a aparamentar para a Eucaristia realizada na Basílica da Santíssima Trindade às 15h15.
Em fila indiana, os dois Grupos entraram na Basílica, mas não antes de assegurar que os coordenadores também entrassem. Mas quem podia culpar os organizadores quando os dois com os seus hábitos passionistas contrastavam com todos os acólitos de branco?
A homilia foi da responsabilidade de Dom José Cordeiro, Arcebispo Metropolita de Braga e Presidente da Comissão Episcopal da Liturgia e Espiritualidade, e seguiu o tema do evento, referindo que “só um acólito feliz e alegre pode servir bem o altar e os irmãos”. Então, convidados a seguir os exemplos de Maria e São Francisco Marto, padroeiro dos acólitos de Portugal, os acólitos e acólitas foram desafiados a “viver a alegria no serviço do Altar”.
Com a finalização da Semana das Vocações no domingo anterior, D. José Cordeiro alertou que “não nos podemos esquecer que Deus chama-nos sempre para tomar parte da Sua alegria” e que devemos estar atentos, pois “Deus interpela-nos pessoalmente a uma vocação concreta, como chamou Maria, para viverdes plenamente na alegria!”, seja como sacerdote, a seguir a vida religiosa ou vida matrimonial, ou a “partir em missão para levar com alegria o Evangelho da Esperança”.
A celebração da Eucaristia terminou com um momento de Adoração ao Santíssimo, antes de partir em procissão eucarística para a bênção final no recinto do Santuário.
Após terminar a bênção, todos os acólitos e acólitas retiraram os seus cíngulos e agitaram no ar no seu adeus a Fátima e às restantes dioceses, mas com a esperança de no próximo ano se voltarem a encontrar (ou até nas JMJ 2023).
O GASPC e GAC saíram então do recinto, mas não antes de tirar fotografias para mais tarde lembrar, e prepararam-se para partir. Reunidos perto do estacionamento, acabaram com a comida levada e partiram, cada um para a sua casa, com a Alegria renovada e uma nova vontade de Servir a Deus, não só no altar como também na vida com o próximo.
ALEGRA-TE, ACÓLITO/A!
Homilia de Dom José Cordeiro, Arcebispo Metropolita de Braga e Presidente da Comissão Episcopal da Liturgia e Espiritualidade, na 27.ª Peregrinação Nacional de Acólitos (Santuário de Fátima, 01 de maio de 2023)
Alegra-te!
«Alegrai-vos sempre no Senhor! De novo vos digo: alegrai-vos!» (Fil 4, 4). Este convite para nos alegrarmos, e para nos alegrarmos sempre, como se fosse a primeira vez, chega até nós da parte de Deus, pela boca de São Paulo. E, se pensarmos com coração generoso, temos muitos motivos para nos alegrarmos: nascemos no seio de uma família, fazemos parte de grupos de amigos, recebemos o dom da fé, crescemos livremente numa comunidade cristã, temos acesso ao sistema de ensino e de saúde, temos esperança no futuro, exercemos o ministério de acólitos/as, estamos a participar nesta 27ª Peregrinação Nacional dos Acólitos a Fátima…
De facto, muitos podem ser os motivos da nossa alegria, mas esta alegria é para ser vivida no Senhor: Deus quer tomar parte nas nossas alegrias, quer ser também Ele uma razão para nos alegrarmos. Por isso nos convida a alegrar-nos sempre n’Ele, com Ele e por Ele. Quando encontramos em Deus a fonte da nossa alegria, então vivemos entusiasmados, isto é, cheios de Deus, habitados por Ele. E isso alegra verdadeiramente a nossa vida.
Alegra-te, como Maria!
Maria também recebe este convite de Deus: alegra-te! Esta é a saudação que o Anjo Gabriel dirige a Maria: «alegra-te, cheia de graça!» E, porque Maria escuta a voz de Deus, acolhe a alegria de que Ele é fonte e, só assim, aceita a missão de ser Mãe de Jesus. Por isso, na Liturgia que escolhemos para a celebração desta Peregrinação, comemoramos a Virgem Maria como causa da nossa alegria, porque ela recebe o chamamento de Deus e assume-o como compromisso e missão na sua vida, como quem exulta e rejubila no Senhor.
Mas como se exprime a alegria de Maria? Depois do encontro com Deus através do Seu enviado, Maria levanta-se imediatamente e parte com diligência ao encontro da sua prima Isabel. Quem vive animado por Deus, repleto da Sua presença, não consegue conter a alegria no seu coração, mas deixa que ela transborde e contagie outras pessoas. Maria levanta-se, isto é, assume a atitude da vida nova, da ressurreição, da abertura aos planos de Deus. Mas não fica apenas de pé; antes, parte com prontidão e disponibilidade, para ir ao encontro de quem dela precisa, de quem precisa de ser visitado pela alegria.
Por isso é que este ícone mariano foi escolhido pelo Papa Francisco para as Jornadas Mundiais da Juventude deste ano 2023 em Lisboa: como Maria, somos chamados por Deus, porque O escutamos; somos recetáculos da sua alegria, porque O acolhemos; mas também somos convidados a difundi-la, através do nosso espírito jovem, com todo o nosso ser, inteiramente, porque Deus nos impulsiona para a missão.
Tendo terminado recentemente a Semana de Oração pelas Vocações, não nos podemos esquecer que Deus chama-nos sempre para tomar parte da Sua alegria: foi assim com Maria; é assim também com cada um de nós. E o grupo de acólitos/as de cada uma das vossas comunidades pode ser um ambiente propício para escutar, encontrar e discernir a vocação. Muitas vezes, Deus fala no meio do serviço que lhe prestamos na Liturgia, como acólitos/as, para nos chamar a viver com Ele na alegria. E pode chamar-te a ser sacerdote; ou para seguires a vida religiosa, num instituto de vida consagrada; ou à vida matrimonial, para constituíres uma família cristã; ou a partir em missão, para levares com alegria o Evangelho da Esperança, que é Cristo, a quem ainda não ouviu dele falar.
Queridos acólitos e acólitas, Deus interpela-vos pessoalmente a uma vocação concreta, como chamou Maria, para viverdes plenamente na alegria!
Um serviço alegre!
E também é possível viver a alegria no serviço de acólito? Sim! Acólito, alegra-te! Alegra-te como Maria! E não o faças porque te foi confiada uma função ou um ministério. Não procures ser alegre apenas quando estás contente ou porque reconheceram o teu serviço dedicado.
Para seres como Maria, reveste-te da alegria! Reveste-te de Cristo! A veste branca que usas para exercer o ministério de acólito é a veste batismal, é aquela que recebeste no dia do teu Batismo, pelo qual foste integrado como filho, filha, de Deus, habitação do Espírito Santo e membro vivo da Igreja. Mas esta veste branca não é apenas uma memória do Batismo nem um instrumento para o serviço do Altar. Esta veste é aquela que nos faz sentir amados pelo Pai, pertença de Cristo e habitados pelo Espírito Santo.
Tomar consciência do significado desta veste batismal faz-nos sentir que o Espírito Santo desce sobre nós sempre que exercemos o ministério de acólitos e que nos impulsiona para um serviço frutífero. E sabeis qual é um dos doze frutos do Espírito Santo? Precisamente, a alegria. Ora, quem se reveste de Cristo produz frutos pela ação do Seu Espírito e, por isso, exerce o seu serviço em Igreja com alegria! É assim, caros acólitos/as, que somos chamados a viver a alegria no serviço do Altar.
Sê alegria!
Se ser acolhedores e transmissores da alegria de Deus já parece uma missão bastante arrojada, poderíamos ficar satisfeitos por viver em plenitude esta vocação e missão de acólitos/as. Só que Deus pede-nos sempre mais, convida-nos a uma configuração sempre maior com Ele, no caminho da santidade. E, por isso, nos pede para Lhe darmos uma alegria.
O padroeiro dos acólitos/as de Portugal, São Francisco Marto, sentia que o coração de Jesus era muito ultrajado pelos pecados da humanidade. E, por isso, era levado pelo profundo desejo de consolar o coração de Jesus, passando horas seguidas em oração, em frente ao sacrário, na Igreja Paroquial de Fátima, pois – como ele dizia – queria dar alegria a um Deus que estava triste com os agravos ao Seu coração.
Como acólitos/as, também podemos ser alegria e dar muitas alegrias a Deus: podemos dedicar tempo à contemplação de Jesus, escondido no sacrário das nossas Igrejas; podemos participar com mais alegria na Eucaristia; podemos procurar a reconciliação, para sentirmos o abraço do coração de Jesus; podemos convidar mais jovens a ser acólitos/as e a integrar o nosso grupo para o exercício alegre do ministério; podemos conhecer melhor a vida de santidade dos nossos padroeiros, São Tarcísio e São Francisco Marto, procurando um caminho de santidade, vivido na alegria do Evangelho.
Estimados acólitos/as, que participais nesta Peregrinação Nacional a Fátima, rezo por vós e por tantos acólitos/as de todas as comunidades cristãs de Portugal, para que, a exemplo de Maria e de José vos torneis servidores da alegria, que é Cristo vivo em vós!