A espiritualidade da Congregação da Paixão de Jesus Cristo nasce de um coração contemplativo e encontra na oração o seu centro vital. São Paulo da Cruz, fundador da Congregação, não foi apenas um homem de profunda oração, mas também um mestre da vida mística. Desde o retiro em Castellazzo até aos anos de fundação da Congregação, a sua vida foi marcada por uma intimidade constante com o Crucificado.
O que caracteriza o carisma passionista é esta união singular entre contemplação e missão. Paulo da Cruz desejava formar homens de oração, profundamente unidos a Deus, e queria que todos, religiosos ou leigos, participassem dessa mesma união. Para ele, a oração não era uma prática isolada, mas o meio mais eficaz de transformar o coração humano e aproximá-lo do amor de Deus revelado na Paixão de Cristo.
Encorajava os fiéis a meditar com o coração, especialmente sobre os sofrimentos de Cristo, entrando neles com simplicidade e profundidade. A oração deveria evoluir da meditação discursiva para uma oração afectiva, centrada na presença de Deus, mesmo nos momentos de secura e desolação. Não se trata de procurar consolações sensíveis, mas de perseverar na fé, conscientes de que Deus continua presente e activo na alma, mesmo no silêncio.
Como afirmam as Regras da Congregação, o objectivo da vida passionista é precisamente “obter o mais profundo dom de recolhimento interior genuíno, para que possamos sempre viver uma verdadeira vida apostólica, que consiste em trabalhar pelas almas em contínua contemplação” (Regra de 1741).
A comunidade passionista foi pensada como um espaço privilegiado para cultivar essa vida interior. Paulo estruturou a Congregação de modo a haver equilíbrio entre missão e recolhimento. O sistema original previa que “quando o primeiro grupo estiver cansado dos seus trabalhos, deverá recolher-se em santa solidão, e o outro grupo sairá. Continuarão a alternar assim” (Regra de 1741, nº 7), promovendo uma vida que une acção e oração.
Ser passionista, portanto, é deixar-se plasmar pela oração, especialmente pela contemplação da Paixão, e, a partir dela, viver e anunciar a misericórdia de Deus. É unir vida, missão e fraternidade num só movimento de amor e entrega, fazendo da oração o alicerce de tudo.
📌 Texto adaptado com base no “REFLECTIONS ON SOME TRADITIONAL CHARACTERISTICS OF PASSIONIST CHRISTIAN SPIRITUALITY – Part I” do site passionists.com
