Santos João e Paulo, Roma
13/03/2023
Homilia da celebração de abertura do Capítulo, do padre Geral, Joaquim Rego
Encontramo-nos juntos esta semana, e esta manhã, como os discípulos de Jesus, juntos a Ele. Não estamos aqui como gerentes ou trabalhadores de uma empresa, mas como irmãos em comunidade, como discípulos de Jesus. Estamos aqui para celebrar aquilo que a nossa Congregação chama de Capítulo, para avaliar e examinar como estamos a seguir Cristo, neste tempo, como Passionistas.
Hoje, iniciando este Capítulo, queremos, antes de mais, verificar como estamos dentro de nós mesmos. Como chegamos aqui hoje? Em que condições? O que está a acontecer dentro de nós?
Começamos esta celebração, nesta manhã, a cantar e invocar o Espírito Santo. Repetimos muitas vezes: “Vem, vem Espírito Santo!”. Dizemo-lo verdadeiramente? Enquanto cantávamos, enquanto dizíamos estas palavras, o nosso coração estava a abrir-se para permitir que o Espírito entre? Ou esta celebração, esta oração é simplesmente um serviço, um rito vazio dos lábios? O que está a acontecer dentro de nós?
Estão a abrir-se ou existem bloqueios? Há conflitos dentro de nós? Temos medos que nos bloqueiam a ação do Espírito? Temos ambições para as quais estamos a focar-nos? Sabei que as ambições representam um bloqueio ao Espírito Santo. À uns instantes, no Salmo, rezamos juntos usando as palavras do salmista: “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; Quando poderei entrar para ver a face de Deus?”. Este é um desejo maravilhoso para um filho de Deus: querer estar perto de Deus! Neste tempo da Quaresma, somos convidados por Deus a aproximarmo-nos d’Ele. Hoje, quanto pronunciamos as palavras: “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo”, no profundo de vós mesmos, como vos sentistes? A vossa alma, hoje, tem verdadeiramente sede do Deus vivente? Ou são palavras que dissemos e não nos recordamos sequer de as ter dito?
“A minha alma tem sede, tem sede, do Deus vivo”.
Este nosso Deus não está longe de nós! Este nosso Deus não é um Deus desatento das nossas necessidades! É sim um Deus vivo que age e está no meio de nós! Este Deus vivo acompanhar-nos-á durante estes dias do Capítulo. A questão, portanto, é: “Como farei para me abrir, permitindo a Deus que me acompanhe nestes dias? Vim aqui, estes dias, de coração aberto?”
É claro que foi feita uma preparação para o Capítulo. Mas o Espírito continua a mover-se em nós, hoje e sempre, na nossa vida! Estamos atentos a escutar o que acontece no mundo, nos irmãos e irmãs ao nosso lado? Estamos a escutar aquilo que a Palavra de Deus nos diz e chama a viver neste tempo da Quaresma? Estamos abertos a escutar o Espírito Santo? Vim a este Capítulo com liberdade de espírito? Ou terei vindo pois já tenho no meu coração aquilo que tenho de dizer e o que devo de decidir?
Se vim livre para escutar, este Deus vivo me guiará! Jesus, água viva, mata a nossa sede! A força e a inspiração do Espírito Santo estará connosco! Aquilo que nós queremos é que sejam nossas as palavras do salmo… que todos digamos a Deus e a nós mesmos: “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo.” O meu desejo é estar perto de Deus, vê-l’O face a face.
Às vezes pensámos que somos os que estamos mais perto de Deus, mas podemos ser aqueles que estão mais longe d’Ele. Jesus o descobriu na Sua vida. Hoje, no Evangelho, Ele diz-nos que “Nenhum profeta é bem recebido na sua terra.” Ele quer dizer-nos: “O meu povo não me aceita!”. Aqueles, os quais não se esperaria, são os que estão mais perto de Deus. Aqueles que são considerados os afastados e os estrangeiros, na verdade, são os que estão a experimentar Deus vivo! Como Naamã, o leproso, a viúva de Sarepta. Quando eles abriram o seu coração a Deus, por causa das suas necessidades, encontraram a cura, encontraram a Deus vivo!
Possamos nós, hoje, neste início do Capítulo, encontrar-nos com o coração aberto para acolher a Deus vivo! Por isso, rezamos: “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; Quando poderei entrar para ver a face de Deus?”.
